Estamos no intervalo de um dos mais disputados campeonatos de F1 dos
últimos anos. 2012 significa emoção, incerteza, ultrapassagens, espetáculo, recordes
batidos, estreias em poles e em vitórias, está a ser de facto um ano
emocionante.
A começar, o facto de nas 7 primeiras corridas, ter havido 7 vencedores diferentes
de 5 equipas diferentes. O primeiro a repetir a vitória este ano foi o espanhol da
Ferrari, Fernando Alonso, no GP da Europa. Mas o mais extasiante nas primeiras corridas foi ver
carros como os Sauber, Lotus, Williams na luta dos chamados tubarões da F1. A
constatar isso mesmo foi o excelente segundo lugar de Sergio Perez na Malásia
(2ª prova do ano) e o terceiro posto no Canadá (7ª prova). A vitória de Pastor
Maldonado no GP Espanha (5ª prova) ao volante de um Williams deu à Venezuela a
sua primeira vitória de sempre na F1, algo impensável para um Williams de 2011.
A Mercedes fez jus às palavras de Ross Brawn que dizia que o seu monolugar da
marca da estrelinha já estava pronto para as vitórias e assim foi, nas mãos de
Nico Rosberg no GP China (3ª prova) e mais uma estreia na F1, Rosberg alcançava
a sua 1ª vitória. De referir ainda o excelente momento que a Lotus ainda
atravessa, ao contrário de Williams e Sauber que parece terem descido do
pedestal dourado em que estavam.
Foi um início emocionante e atribulado, atribulado porque a incerteza era
tanta, que a diferença de andamentos com compostos diferentes era tal que no fim
das corridas podia vir um Sauber ou um Lotus e roubar a vitória aos do
costume.
Analisando equipas e pilotos como um todo:
Ferrari, Alonso e Massa: a Ferrari prometia muito para 2012, mas os testes
de inverno mostravam outra coisa e os alarmes soaram em Maranello. Iniciou o
campeonato aos soluços e nem a vitória (inesperada) na Malásia acalmou as
hostes italianas pois eles sabiam o verdadeiro valor do carro e se assim
continuassem não chegariam lá, prova disso eram os resultados de Alonso
(5º/1º/9º/7º nas quatro primeiras corridas), já para não falar do brasileiro Massa que continua um descalabro. Mas a partir do 4º GP a Ferrari fez-se valer pela mestria do
espanhol que conseguiu almejar mais uma vitória mas acima de tudo conseguiu ser
consistente, claro que a Ferrari também fez uns upgrades ao bólide, mas Alonso
mostrou que a chave do sucesso para este ano é mesmo a consistência e ele está
a ser rei nesse campo, beneficiando claro dos erros dos outros como Button ou
Vettel que já terminaram corridas fora dos pontos ou nem as completaram seja
por erro de pilotagem ou falha mecânica. Mas Alonso só tem de se preocupar em
fazer os seus resultados.
O calcanhar de Aquiles da Ferrari é Massa, aquele que outrora fora campeão
por 10 segundos, está envolto de uma nuvem negra, talvez o acidente o tenha
mudado, facto é que se a Ferrari queria ou quer ser campeã de constructores
este ano, com Massa não dá, muito mau para um piloto Ferrari que passou 2011
sem um único pódio. A equipa está de olhos voltados para Alonso de forma a
levar o nº1 de volta a Maranello para o carro de 2013, mas parece-me muito difícil,
para já está a correr bem.
Red Bull, Vettel e
Webber: ora aqui está uma equipa
equilibrada, com os seus dois pilotos separados por apenas 2 pontos. Sendo
assim claro que lideram o campeonato de constructores, a isto se chama de uma
equipa coesa e não fosse os contantes ataques de todas as outras equipas a Adrian Newey, por este conseguir interpretar
as regras de outra maneira fazendo assim que o seu carro seja muito mais
rápido, viu-se no GP da Europa o recital que Vettel estava a dar à
concorrência, mas ao que parece esse carro era ilegal, a Red Bull estaria noutro patamar. Vettel, não é o mesmo
piloto arrancando de 4º ou 5º, assim como Alonso, mas consegue ser consistente.
Webber está renascido, será desta que vai até ao fim, considero-o como o melhor
segundo piloto de uma equipa em toda a história da F1, é rápido o suficiente
para dar trabalho ao nº1 da equipa e consegue ser consistente de forma a ajudar
a equipa. O meu palpite é que a Red Bull está aí para ganhar tudo.
McLaren, Button e Hamilton: início prometedor, parecia de facto o carro mais
veloz do pelotão a ver pelo andamento de Hamilton nas qualificações. Hamilton
esse que parece transfigurado, mudou a sua atitude, a sua forma de estar na
pista, mais cauteloso, parecia um Button melhorado, embora no GP da Europa
voltou a ser o “velho” Hamliton. Está na luta pelo campeonato e parece-me um
dos mais sérios candidatos a ganhar o título. Button, teve azar num GP, errou
noutros 2 e isso vê-se na tabela, Alonso que é 1º tem o dobro dos pontos, agora
é só tentar ganhar corridas e fazer contas no fim.
A McLaren, como é apanágio, assusta sempre os seus adeptos pois demora a
arrancar para os campeonatos, mas agora com Hamilton parece renascida, mas
nesta F1 o que é hoje amanhã é história, a ver vamos como consegue esta equipa
se bater pelos campeonatos, parece-me a par da Red Bull os sérios candidatos.
Lotus, Raikkonen e
Grosjean: quem diria que estes
Renaults camuflados iriam apresentar este nível de competitividade, excelente
reforma feita na equipa. Raikkonen regressa em grande embora falte a vitória,
mas está quase, não dá para lutar pelo título, mas dá para para lutar por umas vitórias.
Grosjean, também fez um regresso muito bom, embora nos inícios fosse um bocado
trapalhão, lá conseguiu encontrar o seu ritmo. É uma das equipas com mais
pódios este ano. Parabéns Rena…Lotus!
Mercedes, Schumacher e
Rosberg: O começo foi auspicioso,
foi de acordo com o “peito” de Brawn, parecia que o gigante alemão tinha
acordado de vez, Nico esteve bem em qualificação e em corrida, ganhou na China
mas depois eclipsou-se!! A Mercedes desapareceu do radar, nem a mestria de
Schumacher no Mónaco adiantou pois foi penalizado e a pole no Mónaco é sinal de
99% de vitória, mesmo no panorama actual da F1. A equipa, que se fala que em
2014 vai ser só AMG F1, demonstra que a Mercedes não gosta de perder e quando
não ganha sai, assim como a BMW, Toyota, Renault, Honda, estes deviam ver o
exemplo da Ferrari que mesmo ficando 16 anos sem ganhar os constructores e 21
os pilotos, permaneceu, por isso é que tem a mística e se destaca dos demais.
Ano perdido para a Mercedes, não vejo uma melhoria a curto prazo, poderão
aparecer aqui e ali porque são a Mercedes, mas pouco mais do que isso.
Williams, Maldonado e
Senna: como foi bom ver de novo
um Williams ganhar, fez lembrar os gloriosos anos 80 e 90, Maldonado mostrou
que o dinheiro também ganha corridas, mas também mostra que o dinheiro só faz
borrada…enfim, este venezuelano não tem estofo para a F1, até que tem ritmo,
mas não acaba corridas. Bruno Senna, já esse entrega resultados, não é tão
rápido como o companheiro mas traz resultados à equipa com consistência, pelo
que vi na Hungria poderá estar aí um novo Senna (Bruno) para a 2ª parte do
campeonato. Mas não acredito em mais vitórias da Williams este ano!
Sauber, Perez e Kobayashi: foi um começo soberbo para Peter Sauber, que não deixou cair a sua equipa quando a BMW decidiu sair do “circo”, fez bem, apostou e os resultados apareceram no início da época. Depois a equipa foi caindo de rendimento e eu tenho duas leituras para isso. Primeira leitura e talvez a mais coerente, a equipa simplesmente não conseguiu acompanhar a evolução dos da frente. A segunda leitura é o facto de os seus dois pilotos estarem sempre na corda bamba, Perez e a sua ligação à Ferrari, falando-se constantemente de que vai para a Ferrari, eu acho que isso afectou a performance do mexicano. Kobayashi sofre do mesmo síndrome de Perez, não para a Ferrari mas para uma equipa mais competitiva, pensando bem num desporto em que se disputa tudo ao milésimo de segundo a concentração é fundamental e estes dois estão a pensar na história da carochinha. A meu ver, a Sauber vai estar com os Toro Rosso, Force India na luta de lugares na grelha, até porque estas equipas já estão com o pensamento virado para 2013.
Force India,
Hulkenberg e Di Resta: esta
equipa entristece-me, fico sempre com a pulga atrás da orelha no início da
época e depois desiludo-me. Não conseguem apresentar um carro que dure e dure e
dure em vez de estar aqui e ali num GP. Não sei sinceramente o que vai
acontecer a esta equipa mas prevejo uma remodelação grande, muito grande, caso
contrário arriscam-se a passar pela F1 sem deixar marca, como tantas outras o
fizeram. Agora em Monza e SPA, vão dar um ar da sua graça, mas não por muito
tempo. E não é pelos pilotos até porque os considero de bom nível, não
como a imprensa internacional os pinta,
principalmente a Di Resta, mas são de bom nível.
Toro Rosso, Vergne e
Ricciardo: começou bem, aliás
muito bem, pontuando nas duas primeiras corridas, parecia que íamos reviver a
época em que Vettel fez parte da equipa, mas cedo percebemos que não. Esta
equipa não passa de um “program test”
para potenciais pilotos da Red Bull e mesmo nesse capitulo não parece estar a
acertar, Buemi tem lugar nesta equipa. Até porque Ricciardo ainda é muito
verde, Vergne mostra potencial e eu acredito que fique por muito tempo na F1,
se vai ser numa equipa grande isso já não sei, mas que está aqui para ficar,
está!
Caterham, Kovalainen e
Petrov: Tony Fernandes está a
apostar a sério nesta modalidade, a equipa cresce a olhos vistos, já se
distanciou da cauda do pelotão e está a aproximar-se do meio do pelotão, estou
a gostar de ver. Kovalainen está a ter um ano fantástico e devido a isso já tem
o seu nome associado a outras equipas, está de facto a fazer um trabalho
notável vai ser uma pena para Tony deixar sair o finlandês mas só tem de estar
agradecido. Petrov, está lá porque tem dinheiro, a par de Maldonado, não estão
lá a fazer nada, absolutamente nada.
Marussia, Glock e Pic: confesso que esperava mais desta equipa, muito mais,
não a pontuar regularmente mas com um andamento superior. Parece que a
remodelação operada nesta equipa está a demorar a dar frutos, mas estou
convicto que os vai dar, se não for este ano será para o próximo. Está muito
bem estruturada, usa um dos mais evoluídos tuneis de vento do mundo, tem Glock
com experiência e está a dar quilómetros a Charles Pic, pois é profundamente
necessário manter a mesma equipa se queremos evoluir e parece-me que estão no
bom caminho.
HRT, Karthikeyen e De La Rosa: parece-me condenada. De
La Rosa leva conhecimento, leva saber, experiência, o indiano também, mas não
saem da cepa torta, até evoluíram um pouco e apanharam os Marussia, mas ao fim de 10
voltas já estão a ser dobrados. Ou se investe a sério e encara-se de uma forma
séria o desporto, ou então sai-se e dá-se lugar a tantas outras equipas e
constructores que estão na pré-lista à espera de uma vaga.
Concluindo, a F1 começou de forma espectacular, nunca é demais lembrar, é
histórico este início, mas o facto é que a F1 nestas últimas 3 corridas ficou
um pouco monótona, as equipas aprenderam a trabalhar com os pneus, e estão mais
concentradas e então aquilo que vimos são andamentos muito iguais em que a
diferença só pode ser feita pelo piloto, uma vez que Newey está de mãos presas,
mas os pilotos não fazem milagres, ou melhor, fazem alguns como é o caso do Alonso, quando a
máquina não dá seja pelos pneus ou por outra razão, andam ali muito perto uns dos
outros dando a sensação de um GP muito sensacional do ponto de vista do
espectador, mas não, falta aquele extra para poderem entregar um bom espectáculo. Acredito que para os pilotos esteja a ser a época mas difícil de sempre porque têm que estar sempre “acordados” e concentrados porque um mínimo
deslize, perdem logo 3 ou 4 posições. Vamos ver como corre a segunda parte do
ano, que espero que seja tão emotiva como foi a primeira.
Deixo aqui o meu palpite, Red Bull e McLaren vão abrir uma pequena
distância, a Lotus vai ganhar um GP, e Alonso vai conseguir chegar às últimas 3/4
corridas com esperanças do título. Mas como este ano está tudo louco, este meu
palpite atreve-se a ser ridículo, mas daquilo que vi, li, analisei e estudei é o
meu prognóstico final.
NLC@2012